terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Entendendo o Câncer

O corpo humano é formado por milhões de células que se reproduzem através de um processo chamado divisão celular. Em condições normais, esse processo é ordenado e controlado e é responsável pela formação, crescimento e regeneração dos tecidos saudáveis do corpo.

Em contrapartida, existem situações nas quais estas células, por razões variadas, sofrem uma “metamorfose” tecnicamente chamada de carcinogênese, e assumem características aberrantes quando comparadas com as células normais.

Essas células perdem a capacidade de limitar e controlar o seu próprio crescimento passando, então, a multiplicarem-se muito rapidamente e sem nenhum controle.

O resultado desse processo desordenado de crescimento celular é uma produção em excesso dos tecidos do corpo (que podem ser processos inflamatórios, infecciosos ou mesmo os crescimentos celulares benignos), formando o que se conhece como tumor.

Podemos dividir os tumores em:

Tumor Benigno
As células deste tumor crescem lentamente e são diferenciadas (semelhantes às do tecido normal). Geralmente podem ser removidos totalmente através de cirurgia e na maioria dos casos não tornam a crescer.

Tumor Maligno
As células deste tumor crescem rapidamente, têm um aspecto indiferenciado e a capacidade de invadir estruturas próximas e espalhar-se para diversas regiões do organismo. É considerado câncer.

Em outras palavras...

O Câncer, também conhecido como tumor maligno, pode ser definido como um grupo de doenças que tem como característica central o crescimento desordenado das células do nosso corpo.

O câncer detém o poder de matar por invasão destrutiva os órgãos normais, pois não respeita as mais básicas regras de “convivência social” entre as células e cresce demais, ocupando o espaço de seus vizinhos, sufocando-os. Ele detém a propriedade de se disseminar através da corrente sanguínea e dos vasos linfáticos, produzindo as chamadas metástases, que na verdade são uma espécie de “filial” do tumor primário, em outro órgão ou tecido.

A metástase também pode invadir órgãos e tecidos circunvizinhos por continuidade, impondo severos danos a estes órgãos e tecidos. O comportamento anormal das células cancerosas é geralmente espelhado por mutações nos genes das células, ou secreção anormal de hormônios ou enzimas.

A maioria dos cânceres invadem ou se tornam metastáticos, mas cada tipo específico tem características clínicas e biológicas, que devem ser estudadas para um adequado diagnóstico, tratamento e seguimento. Resumindo, cada caso é um caso.

Ainda com relação ao câncer...

Devido as diferentes células existentes e componentes do corpo humano, o câncer pode se apresentar de diferentes tipos. Podemos então, dividi-los em tumores sólidos e neoplasias hematológicas.

Tumores Sólidos

Carcinoma – o câncer se origina nos tecidos epiteliais, ou seja, aqueles cuja função é o revestimento ou a formação das glândulas. (Exemplos de revestimento: pele, mucosa das vias aéreas, mucosa do tubo digestivo e exemplos de glândulas: tireóide, mama e próstata).

Sarcoma – são definidos por sua origem embrionária, ou seja, aquelas classificadas de acordo com a formação do órgão durante a fase de embrião. Nas fases iniciais do desenvolvimento de um embrião, ocorre uma diferenciação nas células que se dispõem em camadas. Essas camadas evoluem para formar os diversos tecidos e órgãos do corpo.

A mesoderme, que é a camada intermediária, dá origem aos ossos, músculos, gorduras, tendões e vasos sanguíneos.

Melanoma – são formados por células pigmentadas da pele.

Tumores de células germinativas – se originam nas células reprodutoras (testículos e ovários).

Tumores de Sistema Nervoso

Neoplasias Hematológicas

São doenças malignas com origem nas células do sangue e que desde o seu início já não costumam estar restritas a uma única região do corpo, manifestando-se em várias partes do corpo sem respeitar barreiras anatômicas. Os órgãos mais frequentemente envolvidos neste processo são: sangue, medula óssea, gânglios linfáticos, baço e fígado.

Neoplasia - de origem grega, a palavra neoplasia "neo" + "plasis" significa, ao pé da letra: nova proliferação; novo tecido. É o nome de um processo patológico que resulta no desenvolvimento de um neoplasma (crescimento anormal, incontrolado e progressivo de tecido, mediante proliferação celular). No organismo, podem ser encontradas formas de crescimento celular controladas e não controladas, sem causa aparente. Como exemplos de crescimento controlado temos a hiperplasia, a metaplasia e a displasia. As neoplasias correspondem às formas de crescimento não controladas e são chamadas tumores. Neoplasia é também o crescimento de um tecido neoformado capaz de invadir os tecidos adjacentes e reproduzir-se à distância (metastização). O crescimento é devido ao desequilíbrio entre a proliferação e a morte celular dando origem a células cancerígenas. A definição de neoplasia se baseia na morfologia e na biologia do processo do tumor. Com a evolução do conhecimento, a definição se modifica. Atualmente, a mais aceita é: "Neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro" (Pérez-Tamayo, 1987; Robbins, 1984).

Várias classificações já foram propostas para as neoplasias. A mais utilizada leva em conta dois aspectos básicos: o comportamento biológico e a histogênese do tumor. Segundo o comportamento biológico, os tumores podem ser agrupados em três tipos: benignos, limítrofes (ou "bordeline") e malignos. Um dos pontos mais importantes no estudo das neoplasias é estabelecer os critérios de diferenciação entre cada uma destas lesões, o que, algumas vezes, torna-se difícil.

Os tumores benignos tendem a apresentar crescimento lento e expansivo determinando a compressão dos tecidos vizinhos, o que leva a formação de uma pseudocápsula fibrosa. Já nos casos dos tumores malignos, o crescimento rápido, desordenado, infiltrativo e destrutivo não permite a formação desta pseudocápsula; mesmo que ela se encontre presente, não deve ser equivocadamente considerada como tal, e sim como tecido maligno.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Roche aposta em novas drogas contra o câncer no Brasil

Na contramão das grandes companhias farmacêuticas que consolidam presença no Brasil e demais países emergentes, reduzindo seu portfólio de produtos de inovação e tentando driblar o prejuízo com a suspensão de suas patentes, a Roche promete lançamentos de moléculas em 2012 - todas de medicamentos biológicos que agem de forma inteligente, impedindo a proliferação do câncer, e de grande impacto no médio prazo.

Uma delas pode significar uma revolução na forma de tratar o câncer de pele, considerada a maior descoberta nos últimos trinta anos para reduzir o risco de morte em quase dois terços dos pacientes com a forma avançada da doença. A aprovação no Brasil é esperada para o primeiro semestre de 2012.

A droga, chamada vemurafenib (Zelboraf), desenvolvida em parceria com a Plexxikon, é a única dentro do conceito de medicina personalizada para uma doença com pouquíssimas opções de tratamento.

"É importante considerar que, além dos resultados significativos alcançados, o medicamento já vem acompanhado de um teste que delimita quem terá bons resultados com a sua aplicação", dizAdriano Treve, presidente da Roche Farmacêutica Brasil, referindo-se à prática que permite direcionar os tratamentos às necessidades individuais dos pacientes.

Além disso, o medicamento é um dos primeiros em forma de comprimido, o que facilita a administração.

Para a Roche, é uma vitória de sua estratégia de desenvolver novas drogas destinadas a destruir células de tumor e, ao mesmo tempo, fazer os testes de diagnóstico molecular que permitem acertar com segurança o alvo.

No caso do vemurafenibe, o produto foi projetado para inibir especificamente algumas formas da proteína encontrada na maioria dos melanomas. E essa possibilidade é comprovada pelo teste que detecta a mutação dessa proteína.

"É uma nova abordagem de tratamento que traz economia de tempo e de sofrimento para os pacientes", diz Treve.

Ele explica que é a mesma filosofia por trás de medicamentos importantes no portfólio da companhia, como o Herceptin (trastuzumabe), desenvolvida para tratar com mais eficácia as pacientes com câncer de mama; Mabthera (rituximabe), para linfomas; e Avastin (bevacizumab), para câncer de intestino, que poderá ter sua ação estendida para câncer de ovário.

Esta semana, a Roche deve apresentar os resultados de suas pesquisas no San Antonio Breast Cancer Symposium, realizadas com o pertuzumabe, um novo medicamento destinado a aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de mama que já fazem o tratamento padrão com o Herceptin.

"A expectativa é que ocupe um lugar importante na terapêutica associada com outras abordagens", diz o diretor médico da Roche, Maurício Lima, que calcula ainda para 2012 a aprovação do registro da droga no Brasil.

Lima conta que o Brasil participou ativamente dos estudos clínicos referentes a todos esses novos medicamentos.

"Estamos muito bem posicionados como referência em pesquisas na Roche", afirma. A empresa aplica cerca de R$ 90 milhões em 60 estudos clínicos com mais de 5.300 pacientes em cerca de 300 centros brasileiros. Esse número deve aumentar, segundo Treve. "Temos todo o interesse considerando que os brasileiros têm todas as condições de aplicar essas novas tecnologias", afirma.



Fonte: Brasil Economico